Li um artigo que Mário de Andrade (1893-1945) escreveu, que trata sobre o tempo, uma análise verdadeira de como o tempo passa e nós amadurecemos e a nova visão que passamos a ter sobre ele. Me indentifiquei com o artigo, pois já não sou nenhuma adolescente e hoje me dou conta de como o tempo é precioso. Além disso, confesso que sou apaixonada pelos artigos de Mário de Andrade, desde meninice, então sou suspeita para falar qualquer coisa desse extraordinário escritor modernista.
Aliás, falando nele, fui à exposição de Oswald de Andrade, logo no 1º domingo que foi inaugurada, mas ainda não tive tempo para postar. Lá há dois paineis enormes falando da amizade de Mário e Oswald, chegando a ser titulado de "Marioswald". Lembram da exposição que falei? Se não lembram, basta clicar AQUI.
Bom, então peço licença aqui do grande autor Mário de Andrade, para fazer das suas palavras as minhas:
"Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Tenho muito mais passado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas. As primeiras ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas que, apesar da idade cronológica, são imaturas.
Detesto fazer acareações de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário-geral do coral.
As pessoas não debatem conteúdos, apenas rótulos. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa.
Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade. Quero caminhar perto de coisas e pessoas de verdade.
O essencial faz a vida valer a pena. E para mim, basta o essencial!"
Lindo, não?
Para quem não está lembrando deste fantástico escritor modernista, aqui vai uma pintura dele, ok?
Bjos
Um comentário:
Algo que devemos realmente meditar!
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